Entendendo o Livro de
Apocalipse
Apocalipse
Dennis Allan
Revelação ou mistério?
Que ironia! O último livro da Bíblia começa com as palavras: "Revelação de Jesus Cristo que Deus lhe deu para mostrar ..." (Apocalipse 1:1). Entretanto, para muitos leitores da Bíblia, este livro é mais um livro de mistério e confusão do que revelação e esclarecimento. É iminente o Armagedom? Estão as novas políticas econômicas introduzindo a marca da besta? O que são os 1000 anos do capítulo 20? As questões continuam enquanto as respostas dos homens -muitos deles mal orientados- se multiplicam.
Autores sensacionalistas vendem milhões de livros ligando estas imagens bíblicas com as manchetes do dia. Igrejas atraem multidões atualizando a Bíblia -especialmente seu livro final- como uma mensagem específica para os tempos modernos. Uma grande variedade de seitas emergem nos tempos modernos por causa dos homens que declaram que as profecias apocalípticas estão sendo cumpridas agora.
O que o estudante honesto da Bíblia deveria fazer com este livro no fim da Bíblia? Deveríamos nos retrair com medo dos cumprimentos assustadores nos noticiários da noite? Deveríamos orgulhosamente cantar vitória sobre as forças do mal cada vez que uma nação ou líder ímpio cai do poder? Deveríamos fechar nossas Bíblias em perplexidade e confusão, concluindo que este livro esconde mais do que revela?
Este livreto não responderá todas as perguntas sobre o Livro de Apocalipse. Seu propósito é oferecer:
Comece com a Bíblia, não com a História humana. Muita da confusão que envolve este livro resulta do estudo mal orientado, construído sobre fundamentos incorretos. Muitas interpretações deste livro são baseadas na História. Há pessoas que tentam determinar o que foi ou não foi cumprido, frequentemente torcendo ou a Bíblia ou os documentos da História humana, para tentar forçar uma concordância com sua interpretação deste livro de profecia. É um erro começar com a História. Deus falou antes dos acontecimentos da História e sua palavra inspirada é verdadeira e exata, mesmo quando nem sempre temos registros humanos de cumprimentos precisos.
Podemos ilustrar este problema considerando o texto mais breve de Mateus 24:1-34. Ali, Jesus falou de alguns eventos catastróficos que ocorreriam em Jerusalém. Considere suas palavras no versículo 34: "Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça." Sem saber nada sobre a História, qualquer pessoa que respeita verdadeiramente a palavra de Jesus pode saber que esta profecia neste capítulo foi cumprida na geração na qual Jesus vivia, cerca de 2000 anos atrás! Quando vemos pessoas de hoje catando versículos deste texto para declarar que o cumprimento é na nossa geração, sabemos que elas estão concentrando muita atenção nos livros de História e jornais e não o suficiente na palavra dita por Jesus. Argumentar que algumas das coisas preditas nestes versículos ainda não estão cumpridas é dizer que Jesus é um falso profeta. Aqueles que respeitam verdadeiramente o filho de Deus colocarão sua palavra acima das opiniões dos especuladores modernos e dos historiadores humanos.
Vamos lembrar deste princípio em nosso estudo de Apocalipse. Jesus revelou coisas que iam ocorrer logo depois que João as registrou (Apocalipse 1:1,3; 22:6-7,10-12,20). Não importa que historiadores possam mostrar como cada profecia foi cumprida, é claro que Jesus falou de coisas que estavam para acontecer logo depois que ele as revelou.
Reconheça o estilo simbólico da linguagem do livro. Temos também que reconhecer o estilo da linguagem que o Espírito Santo empregou ao escrever este livro. Justo como ele fez em várias outras partes da Bíblia, aqui ele usou linguagem simbólica ou figurativa, frequentemente com descrições físicas para retratar conceitos espirituais. Este era o costume de Jesus em suas parábolas. Quando ele disse, "Eu sou o pão" (João 6:35), imediatamente percebemos que ele não está falando de alimento físico. Quando ele disse, "Eu sou a porta" (João 10:7) ninguém imagina que Jesus é feito de madeira e tem dobradiças de metal. Quando ele disse, "Eu sou a videira" (João 15:1), não concluímos que ele é literalmente uma planta frutífera. Quando o mesmo Espírito Santo usou o mesmo escritor que registrou estas expressões figurativas para nos transmitir a mensagem do Livro de Apocalipse, não nos deveríamos surpreender se sua linguagem fosse figurativa ou simbólica. Outros livros da Bíblia, especialmente Ezequiel, Daniel e Zacarias empregam linguagem semelhante, tornando este estilo de revelação familiar àqueles que receberam o Livro de Apocalipse no primeiro século.
Ninguém verdadeiramente interpreta o inteiro Livro de Apocalipse ao pé da letra. Aqueles que pescam e escolhem quais partes são figurativas e quais são literais erram em seu método básico de interpretação. Ele é um livro de visões de ideias celestiais que excedem a imaginação humana. Não o reduzamos a algo meramente físico e literal.
Versículos iniciais: Para entender qualquer carta, especialmente uma de Deus, precisamos prestar atenção às palavras do escritor. Os primeiros versículos de Apocalipse contêm vários fatos que são importantes para nosso entendimento deste livro.
É um livro divinamente inspirado. Ele é a palavra de Deus e testemunho de Jesus Cristo (1:1-2).
Foi transmitido pelo anjo de Deus, através de João (1:1).
É um livro no qual João nos conta o que ele viu (1:11). Não é uma mera transmissão de palavras, mas uma mensagem dos símbolos e imagens que Deus permitiu a João visualizar.
Fala das coisas que estavam para acontecer pouco depois que João recebesse de Deus esta revelação, concernente "as cousas que em breve devem acontecer" (1:1). Deus disse que "o tempo está próximo" (1:3).
Observações gerais: Quando continuamos a ler este livro maravilhoso, devemos nos lembrar de alguns princípios gerais que nos ajudarão a entender sua mensagem.
Ele é um livro de profecia (1:3; 22:18-19). Os profetas bíblicos usam frequentemente linguagem simbólica e ilustrações para apresentar a verdade. Muitos entendimentos errados do livro de Apocalipse resultam de esforços para interpretar literalmente a linguagem figurativa do livro.
É um livro com fundamento nos livros do Velho Testamento. Não somente o estilo, mas muitas das citações e imagens deste livro são baseadas no Velho Testamento. Por esta razão, eu encorajo frequentemente as pessoas a estudarem vários livros do Velho Testamento antes que comecem o estudo de Apocalipse. Muito do vívido simbolismo de Apocalipse está baseado em livros tais como Êxodo, Salmos, Isaías, Ezequiel, Daniel e Zacarias. Quanto melhor entendermos estes livros, mais clara se tornará a mensagem de Apocalipse.
É um livro que tem que ser entendido em seu contexto. Este livro foi escrito próximo do encerramento do primeiro século, durante um tempo em que muitos povos do mundo estavam sujeitos ao domínio do Império Romano. Esse governo estava se tornando cada vez mais perverso e menos tolerante com o povo de Deus. Muitas pessoas abordam o estudo deste livro com a determinação de encontrar aplicações modernas, esquecendo que ele foi escrito originalmente para os cristãos da Ásia (1:4,11), muitos dos quais sofriam severa perseguição por causa da sua fé (2:10,13; 6:9).
O Significado dos números. O livro de Apocalipse usa um estilo de literatura que é dependente do significado simbólico dos números. Estas notas sobre números ajudarão a entender a mensagem do livro.
Número Significado:
O livro de Apocalipse demonstra, além de qualquer dúvida, o poder de Deus para vencer o diabo e seus servos. Para comunicar esta mensagem e encorajar os santos angustiados quando enfrentavam a perseguição, este livro convida os leitores a olhar "atrás dos cenários" para verem o lado espiritual das lutas que frequentemente desafiam a fé.
O capítulo 1 apresenta um retrato de Jesus em todo o seu poder e glória. Frequentemente pensamos em Jesus em cenas de aparente fragilidade. Por exemplo, podemos pensar num recém-nascido indefeso nos braços de sua mãe, ou numa figura moribunda, aparentemente vencida, suspensa a uma áspera cruz de madeira. Jesus foi um nenê. Ele morreu numa cruz. Mas Jesus é o vitorioso e poderoso "príncipe dos reis da terra" (1:5). Tudo o que se segue neste livro surge desta importante imagem de Cristo. Ele está no comando. Seus seguidores podem sofrer, mas nada têm a temer. No final, os justos serão vitoriosos!
Os capítulos 2 e 3 contêm cartas a sete igrejas na Ásia. Estas cartas seguem um padrão regular de:
Saudação.
Lembrança da posição de Jesus, que está enviando as cartas.
Avaliação da condição da congregação (usualmente incluindo elogio das boas qualidades e crítica das falhas).
Apelo à ação (frequentemente um chamado ao arrependimento, unido ao encorajamento a serem fiéis a despeito das dificuldades da situação deles).
Lembrança do galardão à espera daqueles que continuarem a servir fielmente.
Os capítulos 4 e 5 demonstram a posição do Pai e do Filho. Numa visão maravilhosa, João tem permissão para ver o trono de Deus, cercado por seus servos em adoração (capítulo 4). O próximo capítulo volta a atenção para Jesus que, por causa de sua vitória sobre a morte, é achado digno de abrir os selos do livro que revelará o plano de Deus para a vitória total sobre as forças de Satanás. Ele também merece louvor e adoração dos fiéis.
Nos capítulos de 6 até 20, se encontram numerosas demonstrações de vingança e punição. A maior parte da mensagem destes capítulos é organizada em séries de sete (sete selos, sete trombetas, sete taças da ira de Deus). Lembre-se de que o número sete simboliza a perfeição. A história nunca termina enquanto não chegamos à parte sétima e final. Em alguns pontos, durante a batalha, pode parecer que o diabo está ganhando a guerra. Este livro oferece esperança aos fiéis em que Deus e seu exército justo serão vitoriosos. Satanás não pode derrotar Jesus, e não pode vencer aqueles que permanecem fiéis ao Senhor.
Os capítulos 21 e 22 destacam a condição abençoada dos santos vitoriosos na presença de Deus. Os privilégios que foram perdidos por causa do pecado de Adão e Eva são restaurados nesta comunhão renovada entre Deus e o homem. Estes capítulos empregam muita da linguagem encontrada em outros textos proféticos para falar da relação dos discípulos fiéis com Cristo, nesta era presente. A bênção da presença de Deus, retratada aqui, também prenuncia a grandeza do céu. Encontramos aqui uma conclusão bela e esperançosa para a mensagem da Bíblia.
Aqui estão algumas passagens importantes e alguns conceitos básicos que ajudarão no entendimento da mensagem de Apocalipse.
Drama do Livro. Lembre-se de que este é um livro que João viu. É uma dramática apresentação da revelação de Deus. Assim como Deus usou sonhos e suas interpretações para comunicar sua mensagem através de Daniel, ele usou a vívida imagem das visões espirituais para revelar sua mensagem através de João. Muitas pessoas deixam de ver o poderoso quadro neste livro porque se distraem com um exame pormenorizado de cada pequenino pedaço. Jamais podemos entender o significado de algum pormenor específico, mas a mensagem global da justiça, do poder e da absoluta vitória de Deus é inconfundível.
Limites de tempo. Já notamos que Jesus falou de coisas que tinham que acontecer logo depois que este livro estivesse escrito. O significado deste ponto não deve ser subestimado. Quando Deus colocou um limite de tempo para o cumprimento de sua palavra, os leitores não têm direito de ignorar ou negar isso. Algumas vezes as pessoas tentam evitar o significado dos limites de tempo de Deus apontando passagens, tais como 2 Pedro 3:8, que diz: "para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia". Pedro está mostrando a paciência de Deus em adiar seu julgamento dos malfeitores. Ele não está negando o significado de todas as outras referências a tempo na Bíblia. Quando Deus fala de coisas que acontecerão logo, precisamos respeitar sua palavra.
Note o que Deus disse em Apocalipse para limitar o tempo do cumprimento:
"Cousas que em breve devem acontecer" (1:1; 22:6). Este limite de tempo é colocado no começo e no fim de Apocalipse, e deverá ser lembrado em nossa interpretação dos capítulos intermediários. Tal expressão ("em breve") é usada em outros lugares no Novo Testamento, onde podemos identificar que o cumprimento veio logo depois que as palavras foram ditas. Não falou de eventos no futuro distante: centenas ou milhares de anos mais tarde. Note, por exemplo:
- "Festo, porém, respondeu achar-se Paulo detido em Cesaréia; e que ele mesmo, muito em breve, partiria para lá. . . . E, não se demorando entre eles mais de oito ou dez dias, desceu para Cesaréia; e, no dia seguinte, assentando-se no tribunal, ordenou que Paulo fosse trazido" (Atos 25:4,6). Festo pretendia ir a Cesaréia "em breve", e então foi àquela cidade cerca de dez dias mais tarde.
- Paulo falou do seu desejo de visitar vários irmãos ou enviar mensageiros "em breve" (1 Coríntios 4:19; Filipenses 2:19,24; 1 Timóteo 3:14). Nestes casos, era sempre um período muito breve -talvez meses- nunca séculos!
"O tempo está próximo" (1:3; 22:10). Para reforçar o conceito de que João estava escrevendo de eventos que logo se seguiriam, Jesus incluiu um lembrete adicional nos versículos de abertura e fechamento do livro. "O tempo está próximo" lembrava os leitores de que Deus logo cumpriria sua palavra neste livro. Palavras semelhantes em outras passagens falam de curtos períodos de tempo, e não de eventos que aconteceriam séculos mais tarde. Note:
- Jesus falou da capacidade de prever a chegada do verão vendo as folhas numa figueira (Mateus 24:32; Lucas 21:30). Isto poderia ser dias ou semanas antes do verão, mas não poderia ser milhares de anos.
- Jesus disse em Mateus 26:18, "O meu tempo está próximo". Ele morreu naquela semana. Seu tempo estava, de fato, muito perto.
- João referiu-se várias vezes a festas que estavam se aproximando como "estando próxima" (João 2:13; 6:4; 7:2; 11:55). Está sempre claro que significava períodos de tempo muito curtos. Note nestes casos que o evento estava geralmente dentro de dias ou talvez semanas, mas jamais em séculos no futuro!
O Significado do Quinto Selo. Para ajudar a entender a mensagem deste livro, veja bem em Apocalipse 6:9-11, onde Jesus abre o quinto selo:
"Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram."
Estes versículos são muito importantes para o resto do livro de Apocalipse. Cristãos perseguidos, especialmente aqueles que sacrificaram suas vidas ao serviço do Senhor, estão pedindo justiça. Foram suas mortes em vão? Certamente que não. Eles haviam morrido na confiança de que Deus é justo, e agora estavam perguntando quanto tempo sua justiça seria adiada. Deus os assegura de que responderá com punição aos malfeitores, mas que ele permitiria que a perseguição continuasse por pouco tempo, antes de exercer sua vingança.
Palavras chaves deste texto se relacionam com o desenvolvimento do plano de Deus através de todo o livro. Numerosas passagens no Apocalipse ilustram como Deus respondeu ao apelo destes santos martirizados. Note especialmente estas respostas divinas às orações dos santos mártires:
Deus vingou seu sangue. O anjo vingador de Deus derramou o sangue dos inimigos dos santos (14:20). A terceira taça representava a merecida vingança contra aqueles que tinham matado os profetas (16:4-7). Deus vingou a causa dos santos no julgamento contra Babilônia (18:20,24; 19:2).
Deus ressuscitou os mártires. Apocalipse 20:4-6 mostra a resposta final de Deus às orações dos mártires. Há uma clara conexão entre este texto e a oração do capítulo 6. Eles tinham sido decapitados por causa da sua fé, mas agora estavam sendo ressuscitados para reinar com Cristo! A vitória de Satanás foi somente temporária. A causa dos fiéis estava vingada!
Estas referências nos ajudam a ver que a vingança do sangue daqueles martirizados pela causa de Cristo é um tema central deste livro. Jesus está dizendo aos seus seguidores perseguidos: "Tenham paciência e suportem a dureza da perseguição ainda mais um pouco. No final da batalha, eu lhes garanto que meus servos fiéis serão vitoriosos. Não desistam!"
Cenas de Grande Vitória. O livro de Apocalipse está cheio de cenas dos santos vitoriosos de Deus. Considere três exemplos específicos como representativos do conforto oferecido neste livro:
A Ressurreição das Duas Testemunhas (11:3-14). Duas testemunhas, servos de Jesus, pregaram por um período de tempo (3½ anos) com poder e autoridade. Então, as forças de Satanás os mataram, e todo o mundo comemorou o triunfo do mal sobre o bem. Mas a vitória durou pouco. Depois de três dias, Deus ressuscitou as testemunhas que estavam mortas e as chamou ao céu. Ele então enviou punição sobre aqueles que se regozijaram com a derrota da justiça. A causa de Cristo foi ameaçada, mas ressurgiu para a vitória!
O Triunfo sobre o Dragão (12:1-18). Uma mulher, representando o povo de Deus, deu à luz a Cristo. Ainda antes que ele nascesse, Satanás (o dragão e a serpente) estava salivando por antecipação da devoração do sangue do Ungido. Mas num único versículo (12:5), a vitória completa de Jesus, do nascimento à ascensão, deixa Satanás frustrado e irado. Ele então se volta para perseguir a mulher (a igreja), mas Deus a protege. Satanás então olha para cima e tenta derrotar o exército do céu, conduzido por Miguel. Por certo, o diabo sofre mais uma derrota, sendo lançado fora do céu e lhe são negadas outras oportunidades para acusar os servos de Deus. Cada vez mais frustrado, o dragão irado ataca violentamente a mulher, mas de novo fracassa. Em desespero, o dragão procura uma vítima e concentra suas energias na perseguição dos filhos da mulher, cristãos individuais. Satanás ainda pode perseguir e tentar derrotar os cristãos. Mas temos que manter esta batalha no seu contexto. Os cristãos, com o auxílio do Cristo conquistador, podem entrar na guerra com confiança. É possível vencer (veja 1 Coríntios 10:13). Estamos lutando com um perdedor!
O Novo Céu e a Nova Terra, e a Nova Jerusalém (21:1-22:5). Depois das grandes cenas de julgamento e condenação dos inimigos da justiça (capítulos 18-20), este texto oferece um vislumbre do esplendor da comunhão com Deus. "O novo céu e a nova terra" é um símbolo do relacionamento com Deus (veja Isaías 65:17-25). A admissão a esta companhia é limitada. Os covardes, os incrédulos, os abomináveis, os assassinos, os impuros, os feiticeiros, os idólatras e os mentirosos serão rejeitados e lançados no lago de fogo. A nova Jerusalém é também um símbolo profético, familiar, da comunhão restaurada entre Deus e seu povo (veja Isaías 52:1; 60:19-20; 61:10; 65:18-19; Ezequiel 40:2-3; 48:31-34). Jerusalém, como o local do templo do Velho Testamento, representava a presença de Deus no meio do povo. Esta nova Jerusalém até oferece acesso ao rio da vida e à árvore da vida, mostrando a restauração do privilégio especial do relacionamento perdido por causa do pecado do homem (veja Gênesis 3:22-24; Ezequiel 47:1-12).
Quando foi escrito o livro de Apocalipse? Eu não acredito que tenhamos de saber a data exata em que João escreveu para entender a mensagem básica de Apocalipse. Mas, achamos algumas coisas no livro que nos dão uma ideia de quando foi escrito.
Há pelo menos três pontos de vista populares quanto à data do escrito.
Durante o reinado de Domiciano (cerca de 95 d.C.). Baseado em referências exteriores ao livro, especialmente um comentário por Irineu (escrevendo cerca do ano 180 d.C.), que o Apocalipse foi escrito próximo do fim do reinado de Domiciano, muitos comentários datam o livro de cerca de 95 ou 96 d.C.
Durante o reinado de Nero (cerca de 68 d.C.). Baseado especialmente na história da perseguição por Nero e referências dentro do livro, como a menção do templo e seu mobiliário (11:1), e a cidade santa (11:2), algumas pessoas acreditam que o livro foi escrito perto do fim do reinado de Nero, e que ele fala especialmente da destruição de Jerusalém, que ocorreu no ano 70 d.C.
Durante o reinado de Vespasiano (69-79 d.C.). Baseado em evidência interna, especialmente Apocalipse 17:10, alguns estudantes da Bíblia acreditam que o livro foi escrito entre as duas "bestas" perseguidoras. Identificando estas bestas como Nero e Domiciano, "o que existe" é Vespasiano. Esta parece ser a mais específica referência a data no livro, e este ponto de vista é mais consistente com a abordagem geral de colocar o texto bíblico acima dos argumentos históricos. Desta perspectiva, as punições discutidas no livro seriam dirigidas especialmente para o poder do mal comandado pelo imperador romano Domiciano. Enquanto eu reconheço alguns argumentos razoáveis para sugerir outras datas, pessoalmente favoreço esta posição, preferindo apoiar-me mais firmemente na evidência interna do que nos argumentos históricos.
O que as bestas do capítulo 13 representam? Depois de encontrar o próprio diabo no capítulo 12, encontramos dois de seus maiores servos no capítulo 13: a besta do mar e a besta da terra. A besta do mar é uma figura de poder, especificamente um poder real ou de governo, que recebeu adoração dos homens. Uma comparação destas bestas com os quatro animais de Daniel 7 ajuda-nos a identificar o reino apontado. Daniel, escrevendo cerca do ano 550 a.C., viu quatro animais que representavam sucessivos reinos emergindo do mar. Podemos identificar estes reinos como Babilônia, Medo-Pérsio, Grécia e Roma. João, escrevendo cerca de 600 anos mais tarde, vê apenas uma besta, mas esta terrível besta tem características das três primeiras que Daniel tinha visto (leão, urso e leopardo). É como se cada animal fosse consumido por seu sucessor, até que a besta final mostre características de cada um dos anteriores. A besta do mar evidentemente representa o governo romano ou, mais especificamente, um imperador perseguidor tal como Domiciano. A besta da terra encorajava o povo a adorar a besta do mar. Ela representaria, então, a força religiosa idólatra que procurava reverenciar o imperador acima do próprio Deus.Os reinos das profecias de Daniel:
Qual é o significado de Apocalipse 17:8-11? Aqui, um anjo disse a João sobre a besta com 7 cabeças e 10 chifres, que é a mesma que a besta do mar de 13:1-10. Nesta descrição, ele diz que a besta "era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição". Ele continua, dizendo que as sete cabeças representam 7 reis, "dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e quando chegar, tem de durar pouco. E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição" (17:10-11). A profecia correspondente, de Daniel 7, fala de 10 reis e então o 11º rei pomposo, que se levantaria e removeria 3 reis anteriores. Estas profecias parecem indicar os mesmos acontecimentos da era romana. Daniel, escrevendo 600 anos antes de João, falou de 11 imperadores que viriam de Roma. João, vendo mais claramente que 3 deles nunca estabeleceram claramente seu poder, vê somente 8. A tabela no apêndice relaciona estas duas profecias com os nomes dos imperadores romanos até Domiciano. Independentemente de identificação específica de figuras históricas, este texto torna claro que João escreveu durante um intervalo entre dois períodos de grande perseguição. Tinha havido perseguição (veja 2:13; 6:9) e haveria mais perseguição no futuro (veja 2:10; 3:10; 6:11). Jesus queria que seus seguidores se preparassem para as provações que haveriam de vir.
Qual é a marca da besta? "Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar diante da besta, dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta, àquela que, ferida à espada, sobreviveu . . . Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis" (Apocalipse 13:14,18). Autores e pregadores sensacionalistas fazem fortunas mascateando suas incríveis interpretações da marca da besta. Quando nos recordamos que o Apocalipse é um livro de símbolos, não há razão para interpretar esta marca como uma marca literal de um número literal mau. Num livro de coisas que iam acontecer perto ou no tempo de João, não há razão para temermos hoje que alguma "marca da besta" específica esteja por vir. Estes versículos nos dizem que o número simboliza o poder da besta sobre os homens, até o ponto de evitar que aqueles que não adoram a besta do mar façam negócios de compra e venda.
Uma explicação razoável da marca da besta tem relação com os imperadores romanos relacionados na tabela no apêndice. Depois da morte de Nero, correram rumores durante décadas de que ele estava voltando. Historiadores como Tácito e Suetônio se referem a estas ideias de que Nero ressurgiria de algum modo. Isto é muito semelhante às tendências modernas de pensar que qualquer mau ditador seja um outro Adolfo Hitler. Em conexão com isto, alguns comentadores e léxicos sugerem que o número 666 é baseado num sistema de numerologia em que cada letra recebeu um valor numérico, e que em hebraico o nome de Nero César seria 666.
Uma explicação mais simples é baseada na idéia de que 7 é um número de perfeição, e 6, portanto, de imperfeição, fracasso e mal. Portanto, 666 seria a descrição do extremo fracasso do intenso mal. O rei assim descrito seria um homem muito mau. Por contraste, aqueles que servem o Cristo perfeito que não falha, recebem a marca de Deus ou selo de perfeição (7:1-8; 14:1).
O que é a batalha de Armagedom? "Derramou o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol. Então, vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs; porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do Deus Todo-poderoso. (Eis que venho como vem o ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a sua vergonha.) Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom" (Apocalipse 16:12-16). Sensacionalistas, especialmente premilenaristas (pessoas que acreditam que Jesus vai estabelecer um reino físico e reinar aqui na terra durante 1.000 anos), falam constantemente da batalha de Armagedom. Eles a retratam como alguma grande batalha futura que mudará o mundo que conhecemos. Muitos falam da moderna tecnologia de guerra e de holocausto nuclear. Eles pintam um quadro amedrontador, e acrescentam persuasivamente a autoridade da Bíblia para "provar" seu caso. Mas quando removemos as interpretações imaginativas daqueles que atiram a mensagem deste livro no futuro, podemos estar certos de duas coisas:
Esta batalha, qualquer que tenha sido, aconteceu há muito tempo. Como foi ressaltado anteriormente, fazemos de Deus um mentiroso quando negamos as limitações de tempo claramente afirmadas desde o capítulo 1 até o 22 deste livro. Colocar a batalha de Armagedom no futuro é claramente negar a veracidade de Deus, que disse que o tempo estava próximo quando João escreveu, há quase 2000 anos atrás.
Este cenário de batalha é típico das cenas de batalhas proféticas descrevendo o julgamento de Deus sobre nações, em vários pontos da História (veja, por exemplo, as cenas similares de Ezequiel 38-39 e Joel 3.) O próprio nome Armagedom é, provavelmente, uma referência ao campo de batalha de Megido, para evocar imagens de uma confrontação decisiva entre forças do bem e do mal. Satanás reuniu seus mais poderosos servos. O versículo 13 fala do dragão (Satanás), a besta (besta do mar ou poder governamental) e o falso profeta (ou besta da terra). Mas aquele que está comandando as forças do bem é descrito como "Deus Todo-poderoso" (versículo 14). Pode haver alguma questão quanto ao resultado desta batalha? Toda dúvida é removida nos capítulos 19 e 20, onde as duas bestas são derrotadas (19:19-21) e o próprio Satanás é atirado no lago de fogo (20:7-10).
O que é o reino de 1000 anos do capítulo 20? Apocalipse 20 é o único texto na Bíblia que menciona um reino de 1000 anos. "Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo. Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos" (Apocalipse 20:1-6). Nestes versículos repousa todo o caso do premilenarismo, uma doutrina muito popular em nossa idade moderna. Exigindo um cumprimento literal de profecias como esta, os premilenaristas desenvolveram seu próprio esquema de interpretação Bíblica no qual as passagens são isoladas de seus contextos. O problema deste sistema não é limitado a Apocalipse 20, mas é claramente ilustrado aqui.
O estudante cuidadoso provavelmente achará difícil este texto. Ele poderá ter que dizer que não tem certeza dos cumprimentos precisos dos vários pormenores. Mas pode ter absoluta confiança que, o que quer que este período de 1000 anos possa representar, seu ponto de início não pode estar no futuro. Mais uma vez, temos que nos lembrar dos limites divinos colocados neste livro. João não escreveu de coisas no futuro distante, mas de coisas que estavam muito próximas quando ele escreveu o livro. Não posso marcar uma data exata na História na qual Satanás foi encadeado nem posso provar absolutamente como isto foi conseguido, mas posso afirmar, com total confiança em Deus, que ele fez exatamente o que disse que faria! Precisamos também nos lembrar que esta passagem é dada como compromisso de Deus aos santos martirizados, que tiveram que esperar "por pouco tempo" para ver a justiça de Deus (6:9-11). Os pontos de vista de premilenaristas que colocam o cumprimento ainda no futuro rouba destes santos a justiça que eles reclamaram e tão claramente mereciam.
Conquanto possamos sempre ter algumas dúvidas sobre como explicar melhor este texto, algumas mensagens são muito claras. O poder de Satanás não é, nem jamais será, capaz de resistir ao poder de Deus. Já vimos que Satanás é um derrotado (capítulo 12). Ele só pode fazer o que Deus permite, e Deus não lhe permite derrotar seus discípulos fiéis (1 Coríntios 10:13). É admirável que tantas igrejas e pregadores de hoje apliquem tanta da sua atenção ao trabalho do diabo derrotado. A mensagem de Apocalipse é clara, deveremos ver além do seu poder limitado e confiar no poder superior do Vencedor. O período de 1000 anos não é um período literal de tempo, mas uma demonstração de que o poder de Jesus é muito superior ao poder do pequeno tempo de Satanás. Busquemos consolo neste fato quando guerreamos contra o derrotado!
O poder de Jesus. Desde o tremendo retrato de Jesus no capítulo 1 à gloriosa majestade do Cordeiro no seu trono no capítulo 22, este livro ressalta o poder de Jesus.
A fraqueza de Satanás. Ele é um derrotado. Não importa quão feroz ele possa parecer quando a batalha esquenta, o resultado de cada confrontação com os soldados de Deus sublinha o fato que Satanás é um derrotado. Não temos que encará-lo com medo e desespero. Jesus venceu. Podemos vencer com ele.
Jesus julga com justiça. Ele vinga os justos e destrói os ímpios. As igrejas hipócritas serão rejeitadas. Os perseguidores serão punidos. Os mentirosos e os covardes serão lançados no lago de fogo.
Deus (o Pai) merece adoração. O Capítulo 4 mostra que Deus, como nosso criador, merece nossa adoração.
Jesus merece adoração. O capítulo 5 apresenta Jesus, nosso Redentor, como também merecedor de adoração. Esta é uma das muitas evidências Bíblicas da divindade de Cristo.
Deus domina a terra. O poder de Satanás e de seus servos bestiais é limitado pelo domínio de Deus, e o resultado das batalhas é predeterminado pelo poder de Deus. Deus está no comando.
O alvo principal do fiel é comunhão com Deus. A Bíblia se encerra (Apocalipse 21-22) como inicia (Gênesis 2), com a descrição da beleza e a bênção de estar na presença de Deus. A comunhão eterna com Deus é a meta principal de cada pessoa que verdadeiramente entende quem ele é, e o que tem feito. "A graça do Senhor seja com todos" (Apocalipse 22:21).
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